Nunca fui boa a matemática
Entrei pela porta castanha com a certeza cravada de que tu não estarias. Saí vinte minutos depois pela mesma porta com o cheiro do teu perfume cravado em mim.
Tu estavas. Surpreendeu-me porque a última vez que estiveste foi em Dezembro de 2010, quando a tua menina ainda não tinha nascido e tu prometeste levar-me à praia no verão.
A tua menina nasceu um mês depois, mas até hoje não fomos à praia juntos.
Tu estavas. Trajavas roxo e todo um sentimento para mim indecifrável que ocupava (muito) espaço cada vez que os nossos olhares se cruzavam.
Em meio a nada exclamaste o meu nome baixinho como que a pena, agarraste-me gentilmente pela nuca e deste-me ligeiras festinhas no cabelo enquanto ficavas só ali, a olhar-me, antes de avançares para um beijinho na bochecha. Não soube o que pensar ou sentir, porque pela primeira vez recebi de ti o carinho que quis toda a vida. E doeu um pouquinho. Doeu receber de ti o carinho que quis toda a vida porque toda a vida mo negaste.
Na matemática menos com mais dá menos, e isso aplica-se à vida que acontece fora das folhas quadriculadas também.